sábado, 10 de dezembro de 2011

Fim do ano - PARTE III - A revolta nas escolas

Na condição de professor, fico bem à vontade e livre pra falar a respeito. A escola no fim do ano vira de pernas pro ar!
Na verdade, na verdade, esse até poderia ser o primeiro capítulo da série fim do ano, afinal, pra galera do circuito escolar, o fim do ano começa em outubro - O quarto bimestre.


Sabe, professor, aquela imagem que você desejou ver o ano inteiro, de ver todos os alunos estudando, se dedicando, lutando pra tirar uma boa nota? Pois é, tenho certeza que não aconteceu e não acontecerá! Na verdade o que acontece é uma troca de valores fenomenal. Aqueles bons alunos (Claro que não todos, muitos vão até o fim lutando por boas notas) começam a relaxar, ver que o ano letivo pra eles já está praticamente acabado, e aquela turma que te perturbou o ano inteiro, começa a correr atrás, correr muito atrás, algo totalmente inimaginável.


A sensação de injustiça que passa na minha cabeça é única ou todo mundo que está lendo também acredita que um aluno passar para a série seguinte por um esforço de 2 meses e meio pode ser equiparado ao esforço feito por um aluno durante todo o ano? É muita sacanagem mesmo, né não? Mas o sistema propicia essa bela  demonstração de fraqueza, que é a improdutiva promoção daquele que durante 75% do tempo não quis ser promovido.


Toda a disciplina imposta durante todo o ano, o stress causado aos professores, aos diretores e funcionários de uma escola, as regras implantadas, tudo começa a ser um pouco mais flexibilizado, todo mundo se torna mais bondoso, mais querido, mais gentil...


O corpo não aguenta mais, mas a cabeça está tão leve, mas tão leve, que qualquer cansaço é substituído pela doce sensação de que daqui a alguns passos, alguns míseros dias, estaremos todos de pernas pro ar, literalmente. Seja deitados numa rede, ou ainda curtindo um dia de sol na piscina ou um dia de chuva na cama. Serão dias do mais puro ócio que trarão alívio e felicidade, seja pra aqueles que lutaram o ano todo e conseguiram, ou para os que lutaram e não conseguiram, ou para os que não lutaram e não conseguiram, ou ainda para aqueles que se consideram espertos demais por obter o doce prêmio da injustiça: A promoção final sem ter feito lá grandes esforços.


Desejo a todos os meus alunos que ao deixarem de ser meus, nunca me esqueçam e nunca esqueçam minha opinião: Por mais que você não seja o melhor, pelo menos lute pra ser bom. Não se contentem com migalhas! Vocês não entendem hoje, talvez não entendam depois também, mas mesmo assim, eu posso garantir que amanhã esse esforço a mais, feito ou não, vai pesar para o lado bom, ou ruim, e vocês verão que ter se empenhado um cadinho a mais foi ou poderia ter lhes rendido frutos pelo menos melhores que azeitona preta.

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